quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Peste Negra na África

Conhecida por dizimar mais de 30 milhões de pessoas no século 14, a peste negra volta a assustar a humanidade. Desde o final de 2014 a Organização Mundial de Saúde (OMS) está em alerta com casos da doença registrados em Madagascar, ilha situada ao sul da África.

“O surto que começou em novembro passado tem algumas dimensões preocupantes. As pulgas que transmitem essa doença de ratos para os seres humanos desenvolveram resistência aos inseticidas de primeira linha”, afirma comunicado da OMS.

Causada por uma bactéria encontrada em roedores e transmitida por pulgas, a peste negra tem dois estágios. O primeiro, tratável, deve ser diagnosticado em seus primeiros dias e tratado à base de antibiótico. Já o segundo é a pneumônica, quando a bactéria atinge os pulmões. Neste segundo caso, os doentes podem morrer até 24 horas após a infecção. Dados da OMS dão conta de que 8% dos casos avançam para esse estágio.

De acordo com especialistas, a peste já se espalha por Antananarivo, capital de Madagascar. As regiões mais afetadas são as de favelas, que no país africano são densamente povoadas. Até o final de 2014 foram confirmados 119 casos, sendo que 40 deles terminaram com morte.

A peste bubônica, que matou milhões de pessoas na Europa, se propagou pelo mundo há mais de 2.000 anos a partir da Ásia. A descoberta acaba de ser feita por uma equipe internacional, que fez a reconstituição das sucessivas ondas epidêmicas através da História. Todos os dados foram recolhidos a partir de variedades de bactérias e de uma coleção única de outras 300 variedades. Foram elas que permitiram aos cientistas reconstituir a origem geográfica da doença, sua idade e a dispersão em várias epidemias. O estudo foi publicado no site da Nature Genetics.
Letal quando não tratada, a peste tem como agente infeccioso uma bactéria, a Yersinia pestit, cujo reservatório natural são essencialmente os roedores. A transmissão acontece por meio de picadas de pulgas. Segundo o Museu Nacional de História Natural/CNRS da França (MNHN), co-signatário do artigo (Thierry Wirth e Raphaël Leblois), os resultados apontam para o início da doença na China, há 2.600 anos.

Foi a partir desta região que a peste se dirigiu para a Europa ocidental. Para chegar até os países do velho continente, a bactéria usou um caminho conhecido e bastante utilizado à época: a Rota da Seda (iniciada há mais de 600 anos). Em seguida, migrou para a África, importada pelo navegador Zheng He no século 15, e, mais tarde, acabou se dirigindo para a América do Norte e Madagascar, no fim do século 19.
Pesquisa - Os dados moleculares permitiram reconstituir com uma precisão surpreendente a chegada da peste aos Estados Unidos via China e Havaí e sua propagação a partir dos portos de São Francisco e Los Angeles para o interior do território americano. Os trabalhos demonstraram sobretudo que o conjunto das sucessivas ondas epidêmicas partiu da Ásia Central e da China. 
Entre 1347 e 1351, a peste negra, que se expandiu através da Ásia, Europa e África, pode ter reduzido a população mundial de 450 a 350 milhões de pessoas, segundo o University College Cork (Irlanda). Alemanha, China, Grã-Bretanha, Madagascar e Estados Unidos também participaram das pesquisas.

http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/peste-se-propagou-pelo-mundo-ha-2-000-anos-a-partir-da-asia

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