quarta-feira, 17 de julho de 2013

Profissões que oferecem mais risco de câncer

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) lançou, no final de abril deste ano, a publicação “Diretrizes para a Vigilância do Câncer Relacionado ao Trabalho". De acordo com o documento, pelo menos 19 tipos de tumores – entre eles os de pulmão, pele, fígado, laringe, bexiga, mama e leucemias – estão relacionados à ocupação e ao ambiente de trabalho.
O objetivo é facilitar a identificação da causa de determinados tipos de câncer por agentes específicos, e levar a políticas públicas de revisão dos ambientes de trabalho insalubres. A partir de 2000, os dados sobre câncer passaram a ser coletados e tratados por meio dos Registros Hospitalares de Câncer (RHC).
No Brasil, até então, o registro e a documentação destes agravos não eram feitos de maneira apropriada. “O país era carente deste tipo de informação porque nós não tínhamos ainda uma forma adequada de coleta e indexação de dados, para realizar correlações de causa e efeito e poder, por meio do tratamento destes, colher evidências epidemiológicas de potenciais agravos em determinados grupos profissionais”, ressalta Getúlio Albuquerque da Silva, coordenador médico do Centro de Saúde Ocupacional do Einstein.
Apesar disso, ainda existe o temor decorrente da informalidade de determinadas ocupações, que faz com que estes registros não sejam amplamente catalogados e as fontes geradoras não identificadas.
Ademais, no Brasil, vários produtos cancerígenos já abolidos em outros países ainda são largamente utilizados. Temos como exemplo a fibra mineral asbesto, que provoca câncer de pulmão e câncer do aparelho digestivo, sendo largamente usado como isolante térmico em sistemas de freios, telhas, caixas de água, sem um controle adequado da utilização deste produto. “As grandes indústrias do segmento praticamente aboliram o uso, mas existem várias pequenas indústrias, pequenos comerciantes que ainda lidam e ainda fabricam produtos com esta substância. Este público fica à margem do controle epidemiológico, das evidências e das fiscalizações”, destaca dr. Getúlio Albuquerque.
Em grandes corporações e empresas com serviços de segurança e saúde estruturados, é possível encontrar ferramentas de monitoramento e controle destes agentes, propiciando a detecção precoce de agravos à saúde do trabalhador, e a tomada de ações importantes no controle destas substâncias, inclusive, abolindo o uso de produtos que são cancerígenos e os substituindo por outros.
Para mudar este quadro, especialmente no caso dos trabalhadores informais, é fundamental procurar conhecer as fontes e os impactos desta forma de trabalho na saúde da população trabalhadora, procurando protegê-los por meio da conscientização dos contratantes e prestadores, mudanças de insumos, processos e uso de equipamentos de proteção adequados.
“O grande salto seria propiciar o cruzamento de informações sobre produtos e meios produtivos, com queixas, sintomas e doenças de forma mais abrangente”, conclui dr. Getúlio. Desta forma, por meio da integração deste sistema com o prontuário eletrônico do SUS e outros mais, garantir a detecção precoce e eficaz das fontes destes agentes, para então, a formulação de ações de educação, conscientização, prevenção, controle e combate a estes agravos.

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